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terça-feira, 24 de agosto de 2010

FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA (15 de agosto de 2010)


Querido(a) Internauta

Nós nos alegramos hoje, dia 15 de agosto, pela realização e consumação do mistério pascal de Nosso Senhor na vida de Nossa Senhora. Com a festa da Assunção de Nossa Senhora, a Igreja celebra a entronização de Nossa Senhora no lugar que lhe é devido, onde ela vai ser para nós Porta do Céu, Refúgio dos Pecadores, Arca da Nova Aliança, Espelho da Justiça e tantos outros atributos que nós nos referimos a Ela quando rezamos e cantamos a ladainha durante todos os dias da novena em preparação para a Festa de hoje.
E esta Festa acende para nós e para toda a humanidade uma grande esperança, de que a nossa humanidade continua sendo a estrada fundamental do Evangelho, o caminho para que Deus torne possível a revelação do seu Amor, da sua Palavra que se fez carne em nossa carne, para redimir a nossa humanidade por inteiro. E há aqueles que no dia a dia, dizem: “nós nos valemos nada nessa vida, nesse mundo”... Quem disse que não valemos nada? Deus não fez pouca coisa ao nos criar pra gente se achar tão insignificante e a ponto de não dar valor para a maior obra que saiu de suas mãos, a vida de cada um de nós, na sua particularidade e singularidade que é própria de cada um, que faz de nós realmente pessoas especiais, chamadas a se tornar especiais na vida dos outros. Foi o que aconteceu com a Virgem Maria, alguém que soube interpretar ao longo da vida e da história, esse algo especial contido em seu coração, a ponto de se tornar especialíssima para o mundo inteiro, sendo aclamada e reconhecida por nós como bendita e bem-aventurada entre todas as mulheres que passaram por este mundo.
Ela que não é tida por nós nem como deusa, nem semi-deusa, mas uma criatura que soube encontrar em Deus a perfeição e nos chama a seguir o mesmo caminho, assumindo o seu modo de viver, o seu testemunho, para que possamos continuar acendendo ao mundo não só a esperança, mas também a fé, que nos faz reconhecer a ação providente de Deus, mesmo diante das situações difíceis e inevitáveis que vão fazendo parte do nosso cotidiano. Por isso essa imagem do livro do Apocalipse, daquela mulher grávida que sofre não só as dores do parto, mas as dores da perseguição. E nesta imagem do Apocalipse, concebemos a imagem da Igreja, que nos primeiros séculos vivendo a perseguição por parte daqueles que queriam oprimir e sufocar a fé em Jesus, se mantém firme em Deus contando com a sua ação providente. No coração da Igreja, contemplamos a feição de Maria, a escolhida, mas não a privilegiada.
Muitas vezes pensamos que por ter sido escolhida, Maria teve maiores privilégios que os comuns dos mortais. Não é bem assim não! Maria fez de sua vida um contrato de riscos, diante de tantas situações que ela viveu, inclusive quando no episódio da perda de seu filho no tempo, ela sente a dor da perda maior do seu filho até chegar a perda do seu filho aos pés da cruz. Um coração confiante, cheio de fé, mas sempre traspassado pela espada da dor. É ela que nos ensina a percorrer na vida um caminho de alegrias e dores.
Como os santos na Igreja vão dizer: “Caminhamos nesta vida, entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus”. Isso quer dizer que mesmo vivendo as consolações de Deus, não estamos isentos do sofrimento e dos percalços e das maiores dificuldades que podem aparecer no nosso caminho.
Semelhante a mulher do Apocalipse que ainda continua perseverando diante da dor, porque ela vê no seu parto uma realidade nova, a libertação, assim todos nós cristãos caminhamos sempre pressurosos pelos caminhos deste mundo procurando a satisfação maior de reconhecer a presença de Deus que caminha e faz história conosco, como caminhou com Maria, e no episódio de São Lucas evangelista, nos deixa um grande testemunho pela visita que ela fez à sua prima Isabel, já idosa e necessitada de cuidados especiais. Só alguém muito especial para reconhecer as necessidades dos outros e saber a hora de se fazer especial à outra através do serviço. Às vezes ficamos pensando na vida de Nossa Senhora em tudo o que ela fez e praticou, e algumas se antecipam a dizer: “Mas também, é Nossa Senhora!” É bom ter presente o seguinte o seguinte questionamento: Será que Maria foi especial só porque ela foi escolhida por Deus? Não teria sido o inverso? Ela foi escolhida por Deus por que era especial e não o contrário, foi especial só porque foi escolhida por Deus. Isso faz uma diferença muito grande, pois ensina a nós que no dia a dia Deus não escolhe alguns para que sejam especiais. Na verdade, se Deus escolhe é porque já são especiais. E a sua especialidade é que vai fazer a diferença. É o que fez Maria, nesta visita, nos ensinando o testemunho do serviço, da disponibilidade e da prontidão.
Hoje, encerrando a festa de Nossa Senhora da Piedade, podemos dizer sem medo de errar, que esta festa só pode atingir o seu êxito através do serviço de tantas pessoas generosas que há meses estão nessa preparação, trabalhando para que esta festa transcorresse da melhor forma possível. Ouvindo a narração evangélica da visita de Nossa Senhora à Santa Isabel, podemos fazer memória de tantas outras visitas necessárias para culminar nessa visita de hoje: visita de noveneiros na casa das pessoas, arrecadando prendas e donativos para a festa, visita da comissão de festa para ganhar um bezerro, uma doação ou uma prenda que seja, visita da imagem peregrina de Nossa Senhora nas comunidades da Paróquia preparando para essa visita maior de hoje. Se analisarmos, para essa visita muitas outras visitas também foram importantes e especiais para que esta de hoje se tornasse a visita especial de todas as outras visitas.
Assim compreendemos que o serviço para acontecer, é preciso a alegria de um coração servidor, como fez Maria permanecendo com sua prima Isabel, elevando a Deus este cântico de gratidão. Será que somos tão agradecidos a Deus por tudo aquilo que ele faz e proporciona em nossa vida? Pelas visitas que ele faz a nós quer reconheçamos ou não? A maioria das visitas que Deus faz a nós não tem tanto barulho ou estardalhaço, são visitas até anônimas, mas são visitas que não deixam de acontecer. Visitas que nos fazem parar um instante para refletir senão é hora de conversão, de mudança de vida ou atitude, de por a mão na massa e fazer o Reino acontecer.
Nós encerramos a festa de hoje, mas o trabalho continua a Jesus, à Igreja, ao Reino. Não podemos resumir o trabalho na Igreja num dia do ano. Muitas outras visitas vão ser necessárias ainda, para que essa visita de hoje continue produzindo frutos. Nós e vocês, devotos e romeiros, que vieram visitar este Santuário, na verdade são vocês que recebem hoje a visita de Nossa Senhora, pois antes de chegar em casa, ela já chega primeiro. Ela que se antecipa, pois a sua visita é sempre evangelizadora, ela nunca vai sozinha. Ela sempre leva Aquele que é a razão do seu caminhar, da sua chegada e partida: o próprio Jesus. Na visita do evangelho, é Maria caminhando pelas estradas do mundo para levar Jesus. Agora na Assunção, é Maria acolhida na eternidade, no céu sendo levada por Cristo para abrir novos caminhos para que todos um dia, pelo serviço, também possam chegar ao céu.
Façamos como Maria, elevando a ela mesma, modelo de serviço e de servidora, a nossa prece de gratidão a Deus por esta festa de hoje:

Ò Mãe da Piedade e do Serviço, concede-nos a graça de cada dia a mais levar a Palavra de Jesus e que é Jesus aos nossos irmãos, especialmente aos que estão em situação de sofrimento, àqueles que desejam pelo nosso encontro acreditar mais em Deus. Perdoa nossa indisponibilidade, nossa recusa em colocar nossos dons a serviço do vosso Filho. Que a partir de hoje, desta visita e deste encontro convosco, possamos ter sempre a alegria e a vontade de um dia nos encontrarmos convosco.

Rogai por nós ó Senhora da Piedade: para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Homilia proferida pelo Pe. Clemildes Francisco de Paiva
(Missa às 17h30)

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