Seminarista
Lucas Silva Crispim
Seminarista
Marcos Eduardo Caliari
Conforme
o saudoso Beato João Paulo II: “A Mãe do Redentor tem um lugar bem preciso no
plano da Salvação, porque, ao chegar à plenitude dos tempos, Deus enviou o seu
Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei e para que recebêssemos a adoção”
(Redemptoris Mater 1). Sendo assim a
Virgem Imaculada tem um papel ímpar na vida e no mistério de Cristo. Foi mulher
presente e atuante na vida de seu Filho. No Mistério Pascal de Jesus é possível
ver a Mulher que acompanha, que sente junto, que sofre com seu amado Filho, por
isso, não é de modo errôneo que Maria pode ser chamada como a “mulher da manjedoura até a Cruz”. Como
entender o sofrimento de Maria ao ver sua criança, o fruto de seu ventre,
caminhando rumo a Cruz? Um dos lugares onde é possível observar Maria dentro do
Mistério Pascal de Cristo, sem sombra de dúvidas, é no encontro com seu Filho
no Calvário.
Um encontro de dor, talvez pela
situação, mas um encontro de muito amor, entre Mãe, a Virgem das Dores e Jesus,
o Filho de Deus. Maria teve seus encontros em sua vida: com o anjo Gabriel (Lc
1,26ss), com Simeão no Templo (Lc 2,35), com Jesus perdido entre os doutores da
Lei (Lc 2,41ss), e tantos outros. Jesus que também se encontrou com tanta
gente: doentes, enfermos, excluídos, poderosos, chefes e doutores. Agora ambos
fazem um encontro no Caminho do Calvário. A piedade popular ao se defrontar com
esta cena se comove diante da Mãe das Dores e da tragédia de Jesus, tanto que
este encontro está entre as conhecidas sete dores de Maria. Cumpriu-se assim a profecia de Simeão: “Uma espada transpassará a tua alma” (Lc
2,35).
Maria,
a escrava do Senhor, seguiu sempre o seu Filho por meio da renúncia e do sacrifício
até a Cruz. Ela nos pede essas mesmas disposições internas quando nos
diz: “Fazei tudo o que Ele vos
disser” (Jo 2,5). Desde o começo da via dolorosa, Jesus esperou pelo
encontro com sua mãe, um momento doce no meio de tantos sofrimentos físicos e morais.
Quantas recordações de infância: Belém, o longínquo Egito, a aldeia de Nazaré.
Agora também a quer junto de si, no Calvário.
A
Virgem das Dores se faz presente na vida de Jesus, a Mulher “Cheia de Graça” está em meio a “desgraça” da condenação de seu Filho.
Somente após a Ressurreição, será possível para Maria e os discípulos
compreenderem que esta “aparente
desgraça” manifestou a atuação da graça
de Deus no Mundo, por meio do Amor derramado na Cruz por Cristo – só um amor
que vai até as últimas conseqüências é digno de Fé! Nos dizeres do Beato João
Paulo II: “Mediante sua fé, Maria está perfeitamente unida a Cristo no seu
despojamento” (Redemptoris Mater 18).
O que mais deve nos encantar em Maria é “como ela se abandonou nas mãos de Deus
sem reservas, prestando o pleno obséquio da inteligência e da vontade Aquele
cujas vias são imperscrutáveis!” (Redemptoris
Mater 18). “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de
Maria; e aquilo que a Virgem Eva atou, com a sua incredulidade, a Virgem Maria
desatou-o com a sua fé! (Lumen Gentium
56).
Aos pés da
cruz contemplamos a Bondosa Virgem que cheia do Espírito Santo, aceitou gerar
Jesus e que naquele momento de dor, por amor, contempla o Filho crucificado e
compreende no seu íntimo que Ele se entrega livremente para cumprir sua missão.
E Jesus na agonia, entrega sua Mãe a João como seu filho.
Mesmo
diante do grande mistério, das lágrimas e da espada de dor que transpassa seu
coração Maria, a Senhora das Dores, ao entregar seu Filho à humanidade, também
se entrega a nós como Mãe para nos mostrar que mesmo frente às dificuldades é
possível ouvir a voz de Deus e ser sinal visível de sua presença no mundo.
Maria é
aquela que nos aceita como filhos, que nos ampara e que nos coloca sempre aos
pés de seu filho Jesus. Dentre tantas virtudes que marcaram sua vida, no
semblante de Maria que contempla seu amado, percebemos por meio de suas
lágrimas a humilde serva que cumpre com nobreza a Palavra do Senhor.
A Senhora
do Amparo, sofre no silêncio e sabe no seu íntimo que é preciso cumprir a
vontade do Pai. Ela se curva diante da missão de seu Filho, se deixa sempre
conduzir pelo Espírito Santo, por isso é bendita entre todas as mulheres, cheia
de graça, a grande intercessora, Mãe da Igreja e da humanidade.
Quando
olhamos para a vida de Maria percebemos que ela nos precedeu em todos os
caminhos, no gesto único de se colocar a disposição de Deus: “Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me
segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).
Maria
foi à primeira evangelizadora, sempre disposta a anunciar com a sua vida Jesus.
Ela como ninguém assume a vontade de Deus em sua história e coloca-se a
disposição D’ele para que o Reino aconteça; essa é uma dimensão fundamental na
vida do cristão que deve ter como centro de sua vida o próprio Cristo,
levando-o em seu coração e em sua vida do mesmo modo que Maria o fez: Ela
aceita que a centralidade de sua vida seja o projeto de Deus.
O
testemunho do cristão tem um grande espelho: o testemunho e a vida de Maria que
alimenta ainda mais a vivência da Fé. O testemunho pessoal de Maria é o exemplo
primordial para toda a humanidade. O dom de sua vocação deve ser motivação para
a missão de todos nós.
Maria
assim como João Batista, André e Pedro, é uma grande testemunha de Cristo, como
os Apóstolos ela nos leva a Jesus, um testemunho que passa pela disposição em
servir. Partindo
da luz que é Cristo, temos Maria, a fiel discípula, que é modelo de vida para
todos os discípulos.
Maria é a imagem da
conformação ao projeto trinitário realizado em Jesus Cristo; ela é a discípula
mais perfeita, mais radical e é a grande continuadora da missão de seu Filho e
formadora de missionários. Nela encontramos o exemplo vivo de incentivo para a
vivência da fé segundo o coração de seu filho Jesus Cristo.
Salve
Rainha, Mãe de Deus, és Senhora e nossa Mãe; nossa doçura, nossa luz, doce
Virgem Maria. Ajudai-nos a respondermos com
fidelidade a nossa Missão de Cristãos e a nos pequenos gestos de cada dia
sermos sinais da presença de vosso filho no mundo! Salve Maria!
Nenhum comentário:
Postar um comentário